Fávaro pedirá à China que facilite habilitação de novos frigoríficos
Ministro quer que Pequim aceite o modelo de “pré-listing”, em que o governo brasileiro certifica os estabelecimentos que atendem o protocolo chinês. O Ministro da Agricultura, Carlos Fávaro, afirmou na quinta-feira (24/8) que o Brasil vai pedir para a China que a habilitação de novas plantas frigoríficas para exportação das carnes de aves, suínos e bovinos para lá ocorra pelo “pré-listing”.
Pelo sistema, o governo brasileiro certifica que os estabelecimentos seguem as regras previstas no protocolo chinês e autoriza o acesso ao mercado asiático. O tema deverá ser debatido na próxima reunião da Comissão Sino-Brasileira de Alto Nível de Concertação e Cooperação (Cosban), prevista para o primeiro semestre do ano que vem. Fávaro também quer o reconhecimento do status do Brasil como zona livre de febre aftosa sem vacinação e de peste suína clássica, o que poderia ampliar significativamente a oportunidade de negócios com a China. Atualmente, apenas estabelecimentos de Santa Catarina têm esse aval.
Na pauta bilateral com a China também está a assinatura dos acordos sanitários para exportação de sorgo, gergelim, noz-pecã e uvas frescas. As negociações estão em fase final, lembrou o ministro. As demandas foram apresentadas na quinta-feira durante sessão preparatória para a Cosban, realizada no Itamaraty com a participação dos demais ministérios do governo. “Queremos a autorização para que o Brasil passe a ter status de pré-listing para habilitações.
O que vai ficando pronto aqui, o Brasil coloca no sistema e já fica habilitado. Esse é um pleito importante, com o qual o Brasil ganharia muito mercado. Os Estados Unidos já têm esse reconhecimento, e como nós somos o principal parceiro comercial do agro, ter a possibilidade de eles reconhecerem a pré-listing brasileira nos daria mais competitividade e ganhos de mercado”, afirmou Fávaro na reunião. Fávaro disse ainda que a China está colaborando com o programa para recuperação de pastagens degradadas.
Ele citou uma ação privada desenvolvida pela Syngenta, controlada pelos chineses, que já financiou 300 mil hectares nessas condições no país. Ele afirmou que a trading estatal Cofco vai implementar projeto semelhante. Outra negociação na Cosban, lembrou Fávaro, é a assinatura de um memorando de entendimento em relação aos pesticidas. “É importante para ganhar competitividade, com produtos mais modernos, eficientes, biodegradáveis, seletivos. É a modernização do mercado de pesticidas tão necessária para o Brasil”, disse.
A China é uma das principais fornecedoras de defensivos agrícolas para as lavouras brasileiras. O Ministério da Agricultura também propôs a realização de uma reunião fitossanitária no âmbito da Cosban para discutir o reconhecimento da regionalização para a gripe aviária para as exportações de produtos avícolas. “Está bastante avançado, a ideia é que a regionalização seja em raio de 10 quilômetros do caso ou por município”, disse Fávaro. Segundo ele, sem essa medida, o Brasil ficará vulnerável caso ocorra algum foco em plantel comercial. Também está na pauta, lembrou o ministro, a revisão do protocolo sanitário com China para o “mal da vaca louca”. A intenção é alterar o trecho que trata da necessidade de suspender as exportações de carne bovina se for identificado algum caso atípico da doença. O Brasil nunca registrou casos clássicos.
GLOBO RURAL