RABOBANK: Carne suína brasileira teria perdas e ganhos com restrição nas vendas da UE para China
As alegações antidumping da China contra a carne suína da União Europeia, caso comprovadas, poderão resultar em medidas que afetariam os fluxos globais de comércio desta proteína, afetando a competitividade da carne brasileira em importantes destinos, segundo análise do Rabobank Brasil
O Ministério do Comércio da China anunciou em meados de junho o início das investigações antidumping contra a carne suína europeia. As investigações devem ser concluídas até 17 de junho de 2025, podendo estender-se por seis meses adicionais, segundo informações da agência de notícias estatal chinesa Xinhua.
A União Europeia exportou 1,2 milhão de toneladas de cortes de carne suína e miúdos para a China em 2023, o que representou 50% do total importado pelo país asiático, segundo o analista do Rabobank, Wagner Yanaguizawa, em episódio do podcast do banco Foco no Agronegócio, divulgado na sexta-feira (28).
O Brasil poderia ganhar mercado de cortes suínos na China com uma eventual suspensão das vendas da UE para o país asiático, sendo mais competitivo que outros potenciais fornecedores, como os Estados Unidos, que conta com uma tarifa de 25% nas exportações desta proteína para a China. “A gente entende que Brasil e Rússia seriam os maiores beneficiados, pensando no incremento da demanda de cortes de carne suína na China”, disse Yanaguizawa.
No caso de miúdos, o Brasil tem sete plantas em Santa Catarina habilitadas a exportar para a China. “A gente dependeria de uma aprovação, de uma lista maior, para conseguir ampliar o volume de exportação de miúdos pra China”, disse ele. Por outro lado, uma potencial redução ou suspensão nas vendas de carne suína europeia para a China resultaria em uma maior disponibilidade da proteína na UE, pressionando os exportadores do bloco a buscarem outros destinos e competir com o Brasil em mercados como Filipinas, Japão e Coreia do Sul.
“Mercados como Filipinas, Japão, Coreia do Sul e Reino Unido provavelmente teriam um incremento de demanda pela carne da UE em detrimento do Brasil não só por questões logísticas, por terem uma vantagem logística em relação à carne brasileira, mas também são mercados que com certeza conseguiriam preços menores da UE”, disse Yanaguizawa. O Brasil tem elevado as exportações de carne suína para Japão, Coreia do Sul e Filipinas neste ano, sendo que este último já é o segundo principal destino da proteína brasileira, atrás somente da China.
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