Preços das carnes brasileiras seguem sob pressão no exterior, diz Safras & Mercado
Após desvalorização, valor pago pela China segue no mesmo patamar que os demais mercados. Preço médio pago pela carne de frango brasileira caiu 12,24% em um ano
Apesar do bom desempenho do Brasil nas exportações de carne bovina e de frango este ano, a queda nos preços do produto brasileiro no mercado internacional é um ponto de atenção para o setor de proteína animal nos próximos meses.
Segundo o analista de proteína animal da Safras & Mercado, Fernando Iglesias, embora os valores médios do frango estejam em linha com o registrado em 2022, a tendência é de novas desvalorizações nos próximos meses. “O Brasil vai manter a liderança global da carne de frango mesmo com problemas sanitários. Nos próximos cinco a dez anos, parece pouco provável que o Brasil acabe perdendo essa liderança. Por isso o problema aqui não é volume, é o preço médio”, disse em evento online da consultoria nesta quarta-feira (20/9).
Em agosto, o preço médio pago pela carne de frango brasileira ficou em US$ 1.872,80 a tonelada, queda de 12,24% na comparação com mesmo período de 2022 e de 6,3% em relação a julho. Ao todo, o Brasil exportou 3,4 milhões de toneladas de carne de frango de janeiro a agosto, com receita de mais de US$ 6,7 bilhões. A previsão da Safras & Mercado é de que esse volume chegue a 5 milhões de toneladas neste ano, o equivalente a um terço do comércio mundial.
O mesmo cenário tem sido observado no setor de carne bovina, cujos preços pagos pelos importadores chineses caiu de US$ 7,5 mil a tonelada no ano passado para US$ 4,5 mil a tonelada este ano. “Se o preço está em queda, as receitas de exportação também são menores. E esse é um dos motivos pelo qual a arroba do boi gordo caiu tanto”, disse Iglesias. Após a desvalorização, o valor pago pelos chineses tem se mantido no mesmo patamar que os demais mercados importadores, que costumam pagar menos pela carne brasileira, segundo ele. A expectativa, afirmou, é de que as medidas do governo chinês para reaquecer sua economia, o que a desvalorização da sua moeda, ajudem a reaquecer o mercado. “A recuperação econômica na China é fundamental para a formação dos preços da carne bovina no mercado internacional e por consequência do boi gordo”, disse Iglesias. A previsão da consultoria é de que as exportações de carne bovina encerrem 2023 em 3,3 milhões de toneladas, queda de 1,49% em relação ao ano passado, ainda refletindo o embargo chinês realizado no início deste ano.
GLOBO RURAL